BÚZIOS

24/06/2017 10:52

O jogo de búzios (èrindinlógun) é uma das artes divinatórias das Religiões Afro-brasileiras, que consiste no arremesso de um conjunto de 16 búzios sobre uma mesa previamente preparada, e na análise da configuração que os búzios adoptam ao cair sobre ela. O adivinho, antes reza e saúda todos os Orixás e durante os arremessos, conversa com as divindades e faz-lhes perguntas. Considera-se que as divindades afectam o modo como os búzios se espalham pela mesa, dando assim as respostas às dúvidas que lhes são colocadas.

No Brasil os búzios (conchas pequenas de praia), (cawris na África eram usados como dinheiro, foi moeda corrente) são usados pelos Babalorixás e Iyalorixás para comunicação com os Orixás, nas consultas ao jogo de búzios ou Merindelogun.

Usado para consultar o futuro, de acordo com a religião Batuque, Candomblé, Omoloko, Tambor de Mina, Umbanda, Xambá, Xangô do Nordeste ou como adorno em roupas dos Orixás e para confecção de alguns fio-de-contas.

Também é usado em outras religiões afro-descendentes em vários países. Sua origem é médio-oriental, mais precisamente a região da Turquia. Penetrou na África junto com as invasões daqueles povos aos africanos.

Adotado pelas mulheres pelo fato de que o Opele-Ifa e Opon-Ifa (jogos divinatórios originalmente africano) é destinado somente aos homens.

Entrou na vida e na cultura Yoruba e enraizou-se tão profundamente que hoje o Merindilogun (jogo de buzios) é mais conhecido que o verdadeiro oráculo dos Babalawos (o Opele-Ifa e Opon-Ifa)também o mais utilizado aqui no brasil.

 

 Métodos de Jogo

Além dos búzios pode-se utilizar outros objetos para consulta dos Orixás: Obí, Orobô, Alobaça (cebola), atarê (pimenta da costa), ossos, víceras, e outros.

O jogo com quatro búzios, mais utilizado nos rituais para perguntas, normalmente as caídas correspondem às caídas do jogo de Obi

A quantidade de búzios pode váriar de acordo com a nação, o mais comum é composto de 16 ou 17 búzios, mas o jogo com 21 búzios também é muito comum.

Alguns métodos, não se baseiam em caídas por Odú como no Merindilogun, usam outras configurações e combinações de búzios abertos e fechados dividindo-os em quatro grupos de quatro búzios (que chamam de barracão) e analisam as quatro caídas e a disposição que elas se encontram, nesse tipo de Oráculo não se fala em Odú.

Um outro método de jogo é feito com as víceras dos animais oferecidos aos Orixás, e um outro jogo que utiliza ossos de animais unicamente ou em combinação com búzios, em ambos casos também não são orientados por caídas de Odú.

Em alguns métodos o olhador (adivinho) senta-se no chão e joga na própria terra, sem toalhas e enfeites como era feito no passado, é um jogo mais simples e rústico.

Podem ser jogados apenas em uma toalha branca numa mesa, ou num círculo formado por fio-de-contas (colares) com vários objetos representativos dos Orixás ou numa peneira também com fio-de-contas e objetos.

Existem mesas de jogo simples ou sofisticadas, dependendo das posses podem conter até sinetas e objetos de ouro.

É diferente do (Opelé-Ifa), (Opon-Ifa) e Merindilogun que são orientados por caídas de Odú, antigamente mais utilizados pelos Babalawos sacerdotes de Ifá, mas recentemente muitos Babalorixás e Iyalorixás já fazem uso desses oráculos também.

A consideração entre aberto e fechado do búzio também pode variar, a grande maioria dos Babalorixás utiliza a abertura natural do búzio como sendo o lado "aberto", mas várias mulheres no culto do Candomblé, principalmente na Nação de Keto, acostumaram a jogar como "aberto" o lado em que elas "abriam" o búzio, assim a fenda natural sendo o lado "fechado", afirmando que o verdadeiro segredo em um búzio fica guardado em seu estado natural, este é revelado apenas após sua abertura cerimonial arrancando-se esta parte até então fechada, assim vários Babalorixás e Iyalorixás que aprenderam por este método fazem esta forma "invertida" de leitura, ao apresentado nas imagens. A grande verdade é que ao sagrar um formato onde seja considerado aberto/fechado, este sacerdote não mais o inverte e passa aos seus filhos o conhecimento desta forma, assim sendo particular de cada casa o cenário de leitura.

 

 

 

No instante em que nascemos e respiramos pela primeira vez, todas as energias do universo material e imaterial ligam-se ao nosso corpo. Forma-se nesse instante, um padrão de energias Divinas, Astrais e Numerologias que é único para cada indivíduo. Nesse mesmo instante, é traçado o Odú dessa pessoa. O termo Odú, no Candomblé, significa caminho ou destino

Os Odús constituem por assim dizer os signos do Ifá - o Deus da adivinhação no Candomblé.             

Os Odù demonstram as diversas tendências da pessoa e dos acontecimentos que surgirão na vida da mesma, os Odù podem também estar direta ou indiretamente ligado aos sonhos, devendo sempre o sacerdote perguntar ao consulente a respeito de sonhos recentes a data da consulta, e no instante em que o consulente estiver descrevendo o/os sonhos deve-se prestar bastante atenção, pois podem apresentar-se diversos detalhes em comum entre os sonhos e estes poderão ajudar na solução do problema da pessoa, seja na criação de um ebo ou em atitudes a serem tomadas.

Os odù que utilizamos para o oráculo dos búzios é a interpretação dos 16 principais odù, que nada mais são do que 16 caminhos interligados um com o outro, ou seja o primeiro caminho está interligado com todos os demais 15, e é pôr este motivo que em, determinadas situações não é somente um odù que se apresenta para resolver o problema da pessoa, ou seja aquele determinado problema está sendo causado pôr diversos motivos, sendo assim o mesmo exige diferentes soluções, porém todas interligadas.

Quando agora a pouco comentamos que o oráculo dos búzios é a interpretação dos 16 principais odù, estamos realmente afirmando que estamos estudando referente os 16 primeiros e principais odù enviados à terra pôr Òrúnmìlà, e que desses 16 principais foi dado origem à 256 omo odù (odù filhos), e que hoje já podemos dizer que existem cerca de 4098 odù do método de interpretação de Ifá.

Todo odù está ligado a diversos òrìsà, porém aquele òrìsà que se apresentar primeiro em um determinado odù, será ele um dos responsáveis direto à solucionar o problema do consulente.

 

1 – OKANRAN-MEJI - A Insubordinação
Regente: Exú
Elemento: Fogo

As pessoas com este Odú são inteligentes, versáteis e passionais, com enorme potencial para a magia. O seu temperamento explosivo faz com que raras vezes actuem com a razão. Têm sorte nos negócios. No amor, extremamente sedutoras, são muito inconstantes e mentem com facilidade. As mulheres têm como ponto vulnerável o útero.

2 – EJIOKÓ-MEJI - A Dúvida
Regente: Ogum com influências de Ibeji e de Obatalá
Elemento: Ar

As pessoas com esse Odú são intuitivas, joviais, sinceras e honestas. Revelam grande combatividade, mas não sabem conviver com derrota. Apesar de volúveis no amor, são muito ciumentas. Devem controlar a obstinação e ter cuidado com a vesícula e com o fígado, que são os seus pontos vulneráveis.

3 – ETÁOGUNDÁ-MEJI- A Obstinação
Regente: Obaluaiyê com influência de Ogum
Elemento: Terra

As pessoas com este Odú, em geral, vêem seus esforços recompensados. Costumam vencer na política e conseguem obter grandes lucros nos negócios, particularmente nas actividades agrícolas, mas podem sofrer desilusões no amor e traições dos amigos. Emocionalmente inconstantes, são propensas a ter problemas espirituais e físicos, embora na maioria dos casos consigam recuperar-se com facilidade de qualquer doença. Os seus pontos vulneráveis são os rins, as pernas e os braços.

4 – IROSUN-MEJI - A Calma
Regente: Oxóssi com influência de Xangô, Iemanjá, Iansã e Egun
Elemento: Terra

As pessoas com este Odú são generosas, sinceras, sensíveis, intuitivas e místicas. Têm grande habilidade manual e podem alcançar sucesso na área de vendas. Entre os aspectos negativos estão a tendência a sofrer traições amorosas e a propensão a acidentes. Muitas vezes são vítimas de calúnias e da perseguição dos seus inimigos. Também precisam cuidar da alimentação, pois o seu ponto vulnerável é o estômago.

5 – OXÉ-MEJI - O Brilho
Regente: Oxum com influências de Iemanjá e Omulú
Elemento: Água

As pessoas com este Odú têm mão de magia, força e protecção espirituais, religiosidade e uma inclinação especial para o misticismo e as ciências ocultas. São óptimos professores e destacam-se em qualquer actividade que exija liderança, mas precisam aprender a controlar a sua vaidade e seu egocentrismo. Outro aspecto negativo é a tendência de se vingarem quando estão com raiva. Seus pontos vulneráveis são o aparelho digestivo e o sistema hormonal.

6 – OBARÁ-MEJI - A Riqueza
Regente: Xangô com influências de Exú, Iansã, Oxóssi, Ossaim e Logun Edé
Elemento: Fogo

As pessoas com este Odú têm grande protecção espiritual e costumam vencer pela força de vontade, especialmente em profissões relacionadas com a Justiça. Mas são com frequência vítimas de calúnias e não têm sorte no amor. Devem aprender a silenciar-se sobre os seus projectos e a determinar por onde começá-los. O seu ponto vulnerável é o sistema linfático.

7 – ODI-MEJI - A Violência
Regente: Obaluaiyê com influências de Exú, Oxalufã e Oxumaré
Elemento: Terra

As pessoas com este Odú são ambiciosas e costumam ser bem sucedidas na sua profissão, mas a indecisão leva-as a não concluir muitos dos seus projectos. Quando a fé as impulsiona, porém, ultrapassam todas as barreiras. Sonham com o poder e adoram divertir-se, às vezes, provocam enormes confusões. Não têm sorte no amor. Os seus pontos vulneráveis são os rins, a coluna e as pernas.

8 - EJI-ONÍLE-MEJI - A Intranquilidade
Regente: Oxaguiã com influências de Xangô, Oxum e Oxóssi
Elemento: Ar

As pessoas com este Odú são dedicadas e honestas e levam uma vida quase sem sofrimentos. Mas estão sujeitas a acidentes graves. Amam com intensidade e têm amizades sinceras. Quando são repudiadas ou sofrem uma traição, podem-se tornar vingativas. Devem evitar o consumo de álcool e de carne vermelha e vestir-se de branco nas sextas-feiras. O seu ponto vulnerável é o sistema nervoso central.

9 – OSSÁ-MEJI - A Alienação
Regente: Iemanjá com influências de Xangô, Ossaim, Oxóssi e Iansã
Elemento: Água

As pessoas com este Odú são líderes natos, mas o seu autoritarismo cria-lhes sérios problemas, inclusive conjugais. O instinto protector e a religiosidade também as caracterizam. Os seus pontos vulneráveis são os conflitos psicológicos e, no caso das mulheres, os problemas ginecológicos.

10 – OFUN-MEJI - A Doença
Regente: Oxalufã com influências de Xangô e Oxum
Elemento: Ar

As pessoas com este Odú são inteligentes, fiéis e honestas, capazes de dedicar atenção total ao seu amor. Têm amigos sinceros e elevada espiritualidade. Em contrapartida, mostram-se muito teimosas e tendem a sofrer perseguições e desilusões amorosas. Os seus pontos vulneráveis são o estômago e a pressão arterial.

11 - OWANRIN - A Pressa
Regente: Iansã com influências de Exú, Ossaim e Egun
Elemento: Fogo

As pessoas com este Odú têm imaginação fértil, boa saúde e vida longa, mas as más influências e a falta de fé levam-nas a enfrentar dificuldades materiais e a só alcançar o sucesso depois de grandes sacrifícios. São muito volúveis no amor. As mulheres geralmente fracassam no primeiro casamento, mas acabam por encontrar a felicidade. Devem evitar a bebida e outros vícios. Os seus pontos vulneráveis são a garganta, o sistema reprodutor e o aparelho digestivo.

12 - EJI-LAXEBARÁ - A Justiça
Regente: Xangô com influências de Logun Edé e Iemanjá
Elemento: Fogo

As pessoas com este Odú têm o dom de convencer os outros. Dotadas de grandes qualidades espirituais, são bondosas, justas e prestáveis, embora às vezes se mostrem arrogantes. Apaixonam-se com facilidade e são muito ciumentas. Devem evitar bebida e podem ter problemas judiciais ou relacionados à perda de bens. O seu ponto vulnerável é a circulação sanguínea.

13 – EJIOLOGBAN-MEJI - A Meditação
Regente: Nanã com influência de Obaluaiyê
Elemento: Terra

As pessoas com este Odú aceitam com resignação os sofrimentos físicos, emocionais e espirituais, conscientes de que todas as situações da vida são transitórias. Além disso, a sua profunda fé acaba por lhes assegurar vitória. Não têm muita sorte no amor. Dotadas de mão de cura, destacam-se nos serviços médicos e de assistência psicológica e nas terapias alternativas. Os seus pontos vulneráveis são o baço e o pâncreas.

14 - IKÁ-MEJI - A Sabedoria
Regente: Oxumaré com influências de Ossaim e Nanã
Elemento: Água

Belas e sensuais, as pessoas com este Odú têm aparência juvenil e forte poder de sedução. Vivem paixões arrebatadoras mas passageiras e estão sempre em busca de novos amores. Possuem talento para a magia e enorme força espiritual, que se manifesta através do olhar. Enriquecem com facilidade e destacam-se na vida profissional e social, mas são desconfiadas e propensas a ter conflitos psíquicos. Os seus pontos vulneráveis são as articulações que lhes podem causar problemas de locomoção.

15 - OGBÉ-OGUNDA - O Discernimento
Regente: Obá com influências de Ewá
Elemento: Água

As pessoas com este Odú são valorosas, combativas e imparciais, mas costumam sofrer desilusões amorosas, o que acentua a sua a agressividade e o seu sentimento de rejeição. Têm saúde frágil: estão sujeitas a problemas nos olhos, ouvidos e pernas e a distúrbios do sistema neurovegetativo.

16 - ALAFIA - A Paz
Regente: Ifá
Elemento: Ar

Calmas, racionais e espirituais, as pessoas com este Odú têm domínio sobre as suas paixões. São excelentes nas áreas de vendas e de artesanato, mas desistem facilmente dos seus projectos e perdem o interesse por aquilo que já conquistaram. Estão sujeitas a problemas cardiovasculares, psíquicos e de visão.

NOTA:

Esses últimos quatro odù são muito pesados quanto ao seu lado negativo devendo sempre tomar muito cuidado na sua interpretação, e principalmente na criação e execução de seus ebo, até mesmo o 16º odù que normalmente traz notícias esplendidas e excelentes, vindo aparecer em um determinado jogo em uma situação negativa pode passar a trazer um recado muito perigoso ao consulente.

Esses quatro últimos odù estão completamente ligados à feitiços, doenças, tragédias, dramas, etc., porém os mesmos também podem se apresentar de maneira completamente positiva, podendo depender também da combinação dele com os demais e da sua colocação e situação no jogo em questão Existe também aqueles odù que podemos chamar de confirmativos, que são os odú 4, 6, 8, 10 e 12, porém é de nossa inteira obrigação mencionar que esta observação depende não só da situação, colocação e combinação no jogo, mas também da ligação do sacerdote com Ifá referente esses odù e suas interpretações em relação ao sistema divinatório, pois Ifá com certeza sabe o que se passa na cabeça do sacerdote e do consulente no momento da pergunta para assim poder fornecer a sua devida resposta.

Deve-se ter no momento do jogo toda uma concentração e total interação com os elementos que determinam o mesmo, isto feito com certeza o sacerdote alcançara a sensibilidade de visualizar e pressentir no decorrer do jogo quando que realmente um odù traz um recado de solução do problema da pessoa através de caminhos de ebo ou qualquer outro tipo de sacrifício, alguns problemas que surgem na vida das pessoas estão realmente marcados para acontecerem, e se fizermos alguns trabalhos para modificarmos o rumo da situação poderemos fazer com que o consulente venha a ser prejudicado no futuro, pôr isso a importância de se cultuar o orì, muitas vezes, diríamos até na maioria dos casos vale-se muito mais um egborì (cerimonia de adoração a cabeça) do que um ebo, adímu ou etutu.

Texto extraido do Livro: Búzios a Interpretação dos Segredos



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