História de Exu do Lodo
Conta a história que a Pomba Gira Rainha caminhando por uma trilha, defrontou-se com um enorme pântano, sujo e podre, o que lhe impediu de continuar.
Enquanto decidia como fazer para atravessa-lo, apareceu a sua frente um homem de estatura média, com o perfil de um ermitão, bastante despenteado e aparentando ser anti-social.
Ela se assustou bastante a principio, mas ficou lisonjeada com o gesto educado daquele homem, que rapidamente retirou a sua capa e jogou para que ela pudesse passar..
A Rainha caminhou por sobre a longa capa preta e seguiu seu caminho sem olhar para trás. Atônito, fascinado pela beleza desta estranha mulher que nunca tinha visto, sentiu pela primeira vez o que podia chamar de amor a uma criatura, pois sabia que lhe conhecia de muito tempo.
Ela estarrecida diante do cavalheirismo daquele homem e sabendo a dificuldade que era ser um guardião daquele local, ficou a pensar como poderia recompensá-lo pelo seu esforço, educação e como poderia melhorar a sua vida.
Ele, um ser nobre, cuida de quem chega a esse charco, ajuda a superar os obstáculos, mesmo com as dificuldades faz seu trabalho sem soluçar. Possui sim uma figura curva, malcheirosa, bruta, mas é humilde e cortes.
Foi diante do pedido da pomba gira rainha e devido a seus esforços, por sua abnegada dedicação à missão que lhe tinha sido encomendada e pelo respeito a pomba gira rainha, a qual pertencia pelo amor ao exu rei, foi premiado.
Foi assim, em uma noite escura e chuvosa que ele foi condecorado e tornou-se um exu chefe de falange, um exu coroado.
A Pomba Gira Rainha, sentindo-se feliz com o que se procedeu deu-lhe um lenço perfumado com seu aroma, e solicitou que guardasse suas lágrimas, e depois, ao retornar para o seu local, jogasse-o no meio do pântano.
Ele se sentia feliz com o mérito, mas já não mais queria viver cuidando das profundezas que vivia, foi então que cabisbaixo atendeu o pedido de seu amor platônico e jogou o lenço sobre a lama.
A lua cobriu o local, uma luz prateada tomou conta e deu-se inicio a primeira planta, os primeiros botões de rosas. As quais crescem pelo local quando existe algum amor das criaturas levadas para lá.
Desde então ele percebeu que sempre teria sua amada presente e apoiando seu trabalho, mesmo que esse amor não pudesse ser correspondido devia seguir com seu trabalho árduo, e assim faz constantemente, cuidando de seu sombrio local e vindo na umbanda ajudar a quem precisa, fazendo o bem, pois como ele mesmo diz: se fizer coisas ruins ele além de punido, poderá regredir e isso ele não deseja.