Orixá Exu Mirim (Um novo olhar – Uma possibilidade)
Orixá Exu Mirim (Um novo olhar – Uma possibilidade)
É um tema controverso, são questões ainda pouco conhecidas e pouco trabalhadas na Umbanda.
Exige abertura da mente, de horizontes nessa imensa diversidade Umbandista.
Tudo é uma questão de flexibilidade, deixando o “novo” entrar, uma questão de raciocinar friamente e concluir depois.
Estas são questões novas, são informações novas, esse é um novo conhecimento, é uma nova abordagem dentro da religião de Umbanda e que exige “esvaziar o copo” do conhecimento até aqui adquirido abrindo espaço às novas possibilidades.
Essas informações foram psicografadas e estão presentes num livro chamado “Orixá Exu Mirim”, é um livro pequeno da editora Madras de autoria (psicografia), de Rubens Saraceni.
O conceito de que Exu Mirim possa se identificar como um Orixá é algo novo, inusitado para alguns, porém, vale refletir, assim como sobre Orixá Pomba Gira.
Existe uma divindade regente de um mistério que se manifesta por meio das entidades exu Mirim, entidades, ou seja, aqueles que incorporam no Terreiro e se identificam como Exu Mirim, na Umbanda nós temos uma linha de crianças chamada de Êres, de Ibeji, de Cosmes, de Doun ou simplesmente de criança, como às vezes se fala “as crianças da Direita”.
Exu Mirim seria as crianças da Esquerda, crianças arrelientas, irrequietas, crianças de pouca doutrina, crianças que bebem, crianças que fumam, crianças
irreverentes, crianças as quais a gente não entende muito bem como é que uma criança se comporta daquele jeito, muito menos porque é que se manifesta na Umbanda assim, crianças que não revelam muito sobre o que é que elas são, faz parte do mistério Exu Mirim ocultar as coisas.
Essas crianças não explicam muito bem o que elas são, nós carecemos de entender ao ponto de que muitos dirigentes espirituais dizem que Exu Mirim não existe, aí já é uma postura radical. Como é que você vai dizer que não existe aquilo que está manifestado, incorporado, aquilo que se apresenta por meio de um médium. Aquele médium incorpora um Caboclo, incorpora Baiano, incorpora Preto Velho, aquele médium incorpora Exu, Pombagira e aí quando ele incorpora um Exu Mirim, isso não existe?
O que está acontecendo se todas as outras entidades estão dando o aval, a credibilidade dizendo Exu Mirim vem aí. Então, Exu Mirim existir é um fato, Exu Mirim se manifestar é um fato. Quem é Exu Mirim?
O mistério ele é manifesto, irradiado, sustentado, tem por base, por fundamento uma divindade, esta divindade desconhecida que vamos chamar de: Orixá Exu Mirim, simples assim.
A divindade regente daqueles mistérios que se fazem presentes na entidade Exu Mirim que incorpora no Terreiro.
Existe um Orixá chamado Orixá Exu Mirim, ou se preferir nomeado Exu Mirim ou ainda um Orixá, uma divindade a qual nós adotamos o nome Exu Mirim para identificá-lo.
Mesmo que você não saiba quem ele é, ele sabe quem é você e entende que você está adotando esse nome para identificá-lo. Isso para nós deve bastar.
Por onde começar? Tudo tem início por meio de uma palavra chamada gênese, então falar de Exu Mirim é falar algo que está remetido e relacionado à Esquerda, ali onde está Exu e Pombagira – “Esquerda” na Umbanda, aquilo que é relativo às nossas trevas, as nossas sombras, ao nosso negativo.
Esquerda trabalha com o nosso emocional, com o nosso inconsciente, enquanto a Direita trabalha com a nossa luz, com as nossas virtudes, trabalha com o nosso consciente, com o nosso racional.
Isto não quer dizer que uma entidade de Esquerda seja ruim, não quer dizer que uma entidade de Esquerda é o mal ou que ela é as trevas, mas que ela lida com o nosso negativismo, ela lida com os nossos vícios, com as nossas dificuldades, com a nossa sombra – inclusive, fica aqui a dica para procurar no Youtube (https://www.youtube.com) um vídeo chamado “Efeito Sombra – O filme” procure isso no Youtube e assista a esse vídeo.
Faz parte das questões pertinentes a Esquerda entender o que é a nossa sombra porque as entidades de Esquerda trabalham com a nossa sombra, na gênese, ou seja, na origem de todas as coisas há um momento em que se pontua a presença do Orixá Exu Mirim na Criação de tudo e de todos, esse momento é realmente o primeiro momento da Criação, vamos agora nesse instante voltar à gênese.
No momento em que nada existia, mesmo que nada exista, ainda assim Deus já existe, então, nada existe, a única coisa que existe é Olorum. No entanto, Olorum não é ainda manifesto.
Nesse momento em que nada existe, Olorum não está manifestado. Isso quer dizer que ele ainda não se exteriorizou, Olorum está no lado interno da Criação. Nesse primeiro momento precisamos lembrar: Olorum é Deus, portanto é Criador de tudo e de todos.
O momento antes da Criação, a primeira coisa que surge em Olorum é a intenção de criar, nesse momento surge o Orixá Exu Mirim. Exu Mirim é a divindade regente do mistério do nada e das intenções.
No momento em que você tem a intenção de fazer alguma coisa ai está presente o mistério de Exu Mirim e como isso é apenas uma intenção você ainda não fez nada, você só tem a intenção, este ponto na gênese é o ponto onde se identifica e localiza o Orixá Exu Mirim.
Primeiro Olorum tem a intenção de criar no momento em que nada existe, no momento seguinte por conta dessa intenção de criar os mundos ou o universo, então surge o vazio – o “nada” mistério de Exu Mirim, o “vazio” de Exu – e no vazio o Criador cria o espaço, o infinito, o espaço pleno e a plenitude – mistério de Oxalá.
O Criador começa a se exteriorizar, Ele que está no lado interno da Criação vai se exteriorizar. E no momento que o Criador se exterioriza, ele passa a manifestar a partir de si por meio de seus vórtices, a partir de si Ele exterioriza as divindades e são criados os mundos, as realidades paralelas, os universos, as galáxias, os planetas, a vida, os seres, as criaturas, tudo é criado por meio de uma vontade de Deus, a vontade de Olorum.
Em primeiro lugar vem a intenção e depois a concretização, a realização, a construção, a criação e naquele primeiro momento, da intenção surge Exu Mirim no lado interno da criação, ele está em Deus. Exu Mirim não se exterioriza, por isso ele não é o primeiro Orixá a sair do lado interno para o lado externa da criação. O lado externo da criação é o mundo tal qual nós o conhecemos.
Tudo isso é mitologia, são lendas, não é um fato histórico, mas é uma maneira de explicar, de apresentar a qualidade das divindades perante a criação, perante a gênese, essa é a ideia.
Exu Mirim é a intenção de Olorum. Como assim? Ele é a intenção de Olorum, exatamente – Xangô é a justiça de Olorum, Ogum é a lei de Olorum, Oxum é o amor de Olorum, Yemanjá é a geração de Olorum – Exu Mirim é a intenção, a intenção de Olorum em criar as coisas.
Exu Mirim não se exteriorizou, permanece no lado interno da criação em Olorum, por isso ele não é o primeiro. Depois da intenção surge o vazio que é a exteriorização de Exu, que é anterior ainda da Criação, por isso Exu é anterior às sete linhas, às sete vibrações, à coroa Planetária, ao assentamento.
Exu é um Orixá a parte, Pombagira é um Orixá a parte porque ela é o lado interno de todas as coisas, Exu Mirim é um Orixá a parte porque ele é a intenção de Olorum.
Quando falamos em Orixá Exu, Orixá Pombagira, Orixá Exu Mirim estamos falando de outros Orixás além dos quatorze Orixás. Onde estão eles nos sete sentidos da vida? Em todos os sete sentidos da vida, tanto Exu, quanto Pombagira, quanto Exu Mirim.
Enquanto Orixá Exu, Orixá Pombagira, Orixá Exu Mirim atuam nos sete sentidos da vida: Exu a partir do vazio, da vitalidade e do vigor / Pombagira a partir do estímulo e dos desejos / Exu Mirim a partir das intenções nos sete sentidos da vida, ele rege um mistério chamado: o Mistério do Nada.
Segundo Pai Benedito de Aruanda, segundo Rubens Saraceni, em sua obra Orixá Exu Mirim, nós temos uma afirmação antiga e aceita na religião de Umbanda que é: “Na Umbanda sem Exu não se faz nada”, a nova afirmação é: “Sem Exu Mirim nem o nada é possível fazer”, são jogos de palavras, são trocadilhos, são afirmações apenas pra que a gente possa lembrar da qualidade daquele Orixá, não é pra “Ah você está desafiando a minha inteligência? Que conversa essa de que nem o nada é possível fazer?”, não.
Exu Mirim está relacionado, associado ao nada, Exu Mirim está relacionado, associado às intenções, ele é divindade das intenções, ele é o Trono das Intenções, ele rege uma tela Planetária, vibratória relacionada às intenções. O que é que isso quer dizer? Isso quer dizer que todas as intenções de todas as pessoas vibram na tela de Exu Mirim. Da mesma forma, que o sentido de justiça de todas as pessoas e todas as suas atitudes com relação à justiça refletem na tela de Xangô.
Todas as intenções, todos os sentimentos, todas as palavras, tudo que é relativo à lei de todas as pessoas refletem na tela de Ogum. Todos os sentimentos, todas as vibrações, todas as intenções, todas as atitudes relacionadas à fé refletem na tela de Oxalá. Agora, todas as intenções em todos os sentidos da vida refletem na tela de Exu Mirim: a divindade Exu Mirim, o Orixá Exu Mirim, ele capta todas as intenções de todas as pessoas em todos os sentidos da vida.
Quando a gente fala em justiça, Xangô capta os sentimentos, as palavras, as ações, as atitudes no campo da justiça em todos os sentidos da vida, ou seja, a justiça com relação à fé, o amor, o conhecimento, a evolução, a geração.
Yemanjá capta todas as ações de geração, de criação, de criatividade nos sete sentidos da vida. E Exu Mirim capta as intenções: as boas e as más intenções nos sete sentidos da vida.
Aqui entra o papel do Orixá Exu Mirim, aqui entra a função – uma das funções – do Orixá Exu Mirim na criação e aí começamos falando dele na gênese e agora estamos falando dele enquanto mistério, divindade na criação.
Sua função, seus atributos, suas atribuições do mistério do Orixá é: captar todas as intenções de todas as pessoas em todos os sentidos da vida, quando as intenções são positivas o mistério Exu Mirim, a divindade Exu Mirim as fortalece, as energiza, as incentiva, estimula – mesmo que o mistério estimulador seja de Pombagira – por meio de Exu Mirim as intenções positivas elas são fortalecidas, estimuladas, vibradas, impulsionadas e etc. E as intenções negativas, elas são desestimuladas, desfortalecidas, as intenções negativas são captadas pela tela do Orixá Exu Mirim e aí entram outras qualidades de Exu Mirim como, por exemplo, a qualidade complicar.
Exu Mirim trabalha a questão, a atribuição complicadora, está complicado? Peça ajuda a Exu Mirim, o mal intencionado se complicou? Tem dedo de Exu Mirim, Exu Mirim também faz regredir, onde entra esse fator “regredidor”, esse verbo regredir, a função de regredir, a atribuição de fazer regredir? Faz regredir o mal intencionado, Exu Mirim faz atrasar, Exu Mirim faz retroceder, Exu Mirim faz ocultar, Exu Mirim faz esconder e Exu Mirim é “Senhor das controvérsias”.
Orixá Exu, Pombagira, Exu Mirim são divindades duais, não são nem Universais, nem Cósmicas – a gente só fala de Orixá Universal ou Cósmico, ou seja, que tem uma atitude universal ou uma atitude cósmica, a gente fala dessa forma de atuação quando estamos falando dos Orixás polarizados, daqueles que formam pares dentro das sete linhas de Umbanda.
Na primeira vibração que é da Fé eu tenho Oxalá com Trono Universal da Fé / Logunan como Trono Feminino e Cósmico da Fé, no Amor: Oxum é Trono Feminino e Universal do Amor / Oxumaré Trono Masculino e Cósmico do Amor, Oxóssi Trono Masculino e Universal do Conhecimento / Obá Trono Feminino e Cósmica do Conhecimento, na Justiça: Xangô Trono Masculino e Universal da Justiça / Egunitá Trono Feminino e Cósmica da Justiça, Ogum Trono Universal e Masculino da Lei / Yansã Trono Feminino e ela é Cósmica na Lei, Obaluayê é Universal Masculino da Evolução / Nanã Buroquê é Feminina e é Cósmica na Evolução, Yemanjá é Feminina e é Universal na Geração / Omulu é Masculino e é Cósmico na Geração – quatorze Tronos polarizados que formam pares: um Pai e uma Mãe para cada vibração, um é Universal, o outro é Cósmico.
O Universal é amparador, o Cósmico é retificador ou reparador. O Universal ampara, o Cósmico conserta. Agora, quando a gente fala de Exu – Orixá Exu, Orixá Pombagira e Orixá Exu Mirim, eles são divindades duais e tripolares. O que isso quer dizer? Eles atuam a partir dos sete sentidos da vida também, tanto no sentido Universal, quanto no sentido Cósmico.
Exu Mirim capta as boas e as más intenções no campo da Fé, no campo do Amor, no campo do Conhecimento, do campo da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração. Exu – Orixá Exu vitaliza as virtudes, desvitaliza os vícios e neutraliza o que é negativo no campo da Fé, do Amor, do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução.
No campo Universal da Fé, a fé propriamente dita, o sentido da fé, o Cósmico está mais ligado a religiosidade e Exu atua nos dois campos. No campo do Amor, a gente tem o amor no sentido Universal e no sentido Cósmico e Exu atua nos dois campos.
A mesma coisa Exu Mirim, atua no campo dos quatorze Orixás captando as intenções das pessoas, uma boa intenção no campo da Fé é uma intenção que vai encontrar em Exu Mirim uma força para que seja trabalhada, seja concretizada, para que seja realizada.
No campo do Amor, uma boa intenção encontra em Exu Mirim força para ser realizada, para ser concretizada, agora uma intenção negativa encontra em Exu Mirim uma força pra fazer a pessoas regredirem, uma força que faz paralisar, uma força que vai criar confusão naquele que é mal intencionado.
Exu Mirim pode criar a controvérisa no caminho da pessoa mal intencionada, no entanto Exu Mirim também cria controvérsia em seu mistério, não enquanto entidade – Exu Mirim, a divindade, cria no universo, no nosso universo também para que as pessoas estimulem a sua capacidade de raciocinar, de dialogar, de encontrar alternativas para as situações.
Exu Mirim por meio da sua qualidade, da sua atribuição de ocultar, de esconder, também desenvolve nas pessoas a capacidade de procurar a força, ou seja, até onde você merece encontrar aquilo que você está procurando.
Da mesma forma que eu me relaciono com Orixá Oxalá, com Orixá Oxum, com Orixá Oxóssi, Xangô, eu posso me relacionar com Orixá Exu, posso me relacionar com Orixá Pombagira e posso me relacionar com Orixá Exu Mirim.
Esse é um ponto fundamental: a forma de eu me relacionar dentro da Umbanda com Exu não é apenas a forma tradicional em que eu só me relaciono com a entidade Exu incorporado. Quem são as entidades Exus? São aqueles que incorporam como: Seu Tranca-Rua, Seu Tiriri, Seu Caveira, Seu Quebra-Osso, Seu Sete Covas, Seu Gira Mundo, posso me relacionar com Exu Cascavel, Exu Cobra Coral, posso me relacionar com esses Exus com essas entidades, Seu Capa Preta, com Seu Veludo, estou me relacionando com Exu, mas posso me relacionar com o Orixá Exu na Umbanda.
Podemos nos relacionar com o Orixá Exu por meio de quê?
De uma vela, de uma bebida, de um charuto, de um elemento, de frutas, de farofa. A mesma coisa, eu posso me relacionar com o Orixá Pombagira, se eu conheço e eu trabalho e tenho a oportunidade de dentro do Terreiro me relacionar com Dona Maria Padilha, com Dona Maria Mulambo, com Dona Sete Saias, com Pombagira Menina, com Pombagira da Praia, com Dama da Noite, com Pombagira das Almas, com Pombagira da Sombra, com Pombagira Faceira, com Rosa Caveira, com Pombagira outras posso, mas posso me relacionar direto com o Orixá Pombagira, com a Mãe, com a divindade Pombagira com uma vela, um copo de champanhe e uma cigarrilha e esse é o ponto.
Eu posso me relacionar com o Orixá Exu Mirim, no Terreiro nós conhecemos as entidades Exu Mirim, Exu Mirim: Brasinha, Caveirinha, Pimentinha, Calunguinha, Quebra Ossinhos, Capinha Preta, Exu Mirim outros que na maioria tem os nomes dos Exus no diminutivo, assim são os Exus Mirins. Mas, eu posso me relacionar de forma direta com o Mistério Exu Mirim, com a divindade Exu Mirim.
Por que, como, quando e onde eu me relaciono com o Orixá Exu Mirim?
Em qualquer lugar, em qualquer ponto de força da natureza ou no lado externo da sua casa ou na entrada da casa, eu posso fazer uma firmeza de Exu Mirim para o Orixá e para a entidade Exu Mirim, eu posso fazer uma oferenda para Exu Mirim com o mínimo, qual é o mínimo? Uma vela, a bebida e o fumo para Exu Mirim: vela bicolor, metade vermelha, metade preta.
O que é que a gente serve para Exu Mirim? Bebidas alcóolicas e doce ao mesmo tempo, podem ser alguns licores ou simplesmente o que mais se oferece pra Exu Mirim: pinga com mel, uma vela e um copo de pinga com mel e uma cigarrilha é oferenda para Exu Mirim – oferenda no que diz respeito a um agrado – isso já serve para criar um agrado para o Orixá Exu Mirim, isso já serve pra criar uma ligação pra Exu Mirim e é uma firmeza de Exu Mirim: uma vela, um copinho do lado e uma cigarrilha, já servem de firmeza.
Para quê eu vou me relacionar com o Orixá Exu Mirim?
Nós podemos invocar e evocar os Orixás: evocar sua força – de fora para dentro é principalmente quando eu quero ajuda dos problemas externos a mim, externos ao meu ser. Invocar – de dentro pra fora é quando eu estou precisando de ajuda nas questões internas a mim. E clamar, clamar é a postura do religioso, de clamor, de chamada, de pedido, é a postura de humildade perante a divindade.
Eu posso evocar Exu Mirim, invocar Exu Mirim, eu posso clamar a Exu Mirim em nome de Deus, da Sua Lei Maior e da Sua Justiça Divina, para quê? Para me ajudar, mas em qual campo Exu Mirim vai me ajudar? Quando, meu filho, a vida estiver complicada, a gente diz assim: Complicou? Chama Exu Mirim.
Quando você perceber que as coisas não estão acontecendo, quando você se sentir retrocedendo e parece que tudo atrasa, que sempre surge uma controvérsia, que as coisas estão ocultas, escondidas, quando a vida está complicada, você chama o mistério de Exu Mirim, você evoca, invoca, você clama.
Eu elevo o meu pensamento a Deus Criador de tudo e de todos, Sua Lei Maior e Sua Justiça Divina, em nome de Deus eu clamo a presença do Orixá Exu Mirim, lhe ofereço esta vela, esse copo de pinga com mel, essa cigarrilha, clamo a sua presença e peço que receba esse agrado e me ajude a descomplicar a minha vida.
Uma oferenda, nos casos mais graves, pode ser montada assim: sete copos de pinga com mel, velas e peça a Exu Mirim que lhe ajude com um prato de farinha de mandioca com dendê, peça a ele que lhe ajude, sabendo que – segundo a minha visão, a minha palavra – embora, para Exu Mirim o que interessa é a intenção – a intenção é o que vale isso é uma afirmação de Exu Mirim – há momentos que por mais que o que vale é a intenção, em certos momentos é preciso do elemento para uma manipulação que é magia.
Umbanda é uma religião de magia, de manipulação de elemento, Exu Mirim não come, o Orixá Exu Mirim não come, não bebe, não fuma, mas o mistério, a divindade vai manipular esses elementos em seu favor.
Quem é que incorpora no Terreiro como Exu Mirim? O que é? O que são essas criancinhas que incorporam no Terreiro que se identificam como Exu Mirim?
Primeiro ponto importante: Exu Mirim é infantil, mas não é criança, há uma diferença entre ser criança e ser infantil. O que é ser criança? Criança é uma condição biológica. O que é uma criança? Uma criança é: um espírito que naquele momento está habitando um corpo que biologicamente tem em torno de três, quatro, cinco anos, até se tornar adolescente a gente se considera criança, abaixo disso a gente considera um bebê, ali é uma criança.
Pode ser um espírito velho, o espírito é velho, mas está criança por uma condição biológica, ser criança pra nós é uma condição biológica. Quando uma criança desencarna, no astral ela não tem mais um corpo carnal, então o mental dela vai voltar a uma condição de maturidade que é o normal daquele espírito que é velho, que já encarnou muitas vezes.
Exu Mirim não é uma criança, ele é infantil. E aí chega num ponto em que nos chocamos com questões espíritas da leitura da obra de Kardec, então é um problema para um Umbandista entender questões que se chocam com a obra de Kardec porque muitos Umbandistas passaram pelo Espiritismo ou recorreram ao Espiritismo pra entender a sua relação com os espíritos.
A questão aqui é: Exu Mirim não é um espírito humano, esse é o ponto e é o ponto em que precisamos entender que não somos Espíritas – Espíritas são aqueles que seguem a doutrina de Kardec, aqueles que seguem a obra codificada por Kardec: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno, A Gênese, são lindos, fundamentais, essenciais, importantíssimos, pra gente também; assim como é importante a obra de Chico Xavier, pra gente também, mas não é Umbanda.
Devemos ler com filtro, pra nós é tão importante quanto a bíblia Católica, é tão importante quanto Bhagavad Gita, tão importante quanto o Alcorão, mas tem uma importância maior, um peso maior porque está falando dos espíritos – mas, Exu Mirim não é um espírito humano e aí é o ponto. Ele é um ser na maioria das vezes encantado.
O que é um ser encantado?
Estamos no plano natural, um plano anterior ao natural é o plano encantado. Os seres do plano encantado são seres infantis em relação aqueles que já estão no plano natural, Exu Mirim é infantil, mas não é criança porque nunca encarnou e nunca vai encarnar.
Exu Mirim está numa dimensão paralela a nossa, é de uma realidade paralela, é de outro plano, mas ele consegue autorização pra entrar na nossa realidade por quê?
Porque isso acelera a evolução de Exu Mirim, o contato de Exu Mirim com a gente acelera a sua evolução. Ele vem da sétima dimensão a esquerda da nossa dimensão – informações da obra de Rubens Saraceni, do Orixá Exu Mirim.
Acredite ou não, não importa. Isso faz sentido para você? Porque se Exu Mirim fosse uma criança humana, por que é que deixariam ele beber, fumar e se comportar da maneira como se comporta? É porque não é um espírito humano.
Mas, tem Exu Mirim que conta historinha de que quando foi encarnado ele era um trombadinha, quando ele era encarnado ele era uma criança de rua, quando ele era encarnado ele usava drogas ele fumava, ele cheirava.
Não é verdade.
O que acontece é: médiuns e consulentes que ficam pressionando Exu Mirim pra dizer: Conta-me a sua história? De onde você veio? Quem é você? Onde você morou? Como você viveu? E as pessoas que fazem essas perguntas não têm condição de entender quem ele é, não tem estrutura de cultura, de conhecimento pra entender que aquele “serzinho” não é humano.
Sendo assim, ele inventa uma história, ele conta uma história pra você parar de perguntar, pra você parar de questionar, ele diz: eu fui isso, eu fui aquilo, eu fui aquilo outro e para de me perturbar. Porque na verdade não importa quem é Exu Mirim, você não vai saber em profundidade quem é Exu Mirim porque ele é de outra realidade.
Na clarividência, Exu Mirim pode se apresentar como uma criança normal, como algo parecido com aquele “Smigol” – do Senhor dos Anéis – ele pode se apresentar como algo parecido com aquele “Gorpo” – do He-Man, que tem orelhas enormes, um chapelão – ele pode se apresentar um pouquinho animalizado, ele pode se apresentar como uma criança um pouquinho deformada ou uma criança normal ou ele pode se apresentar como ele quiser: ele é um Exu Mirim. Mas, ele não é humano, ele nunca encarnou e ele não tem os vícios humanos.
O que acontece às vezes é Exu Mirim exteriorizar os vícios, o mau comportamento, a sombra e os desequilíbrios do médium que ele está incorporando, quando Exu Mirim se apresenta muito mal educado, faltando com respeito e com atitude negativa, há de se olhar pra ver se isso é dele mesmo ou ele está exteriorizando algo do seu médium, que também não chega a ser uma mistificação – mistificar é (entenda a palavra), mistificar é você atravessar, é você de forma mal intencionada manipular, fingir ou imitar, ser um farsante em que faz de conta que está incorporado ou usa de uma incorporação pra enganar ou tirar proveito de alguém.
Animismo é a mistura de sentimentos e questões mal resolvidas do médium que de forma inconsciente se mistura na prática da manifestação mediúnica – então, há um animismo natural em que Exu Mirim às vezes exterioriza questões do seu médium que precisam ser trabalhadas, há de se doutrinar. Como se doutrina um Exu Mirim? Porque essas crianças são terríveis, são irrequietas, porque elas não param. Quem doutrina Exu Mirim? O Exu da casa.
Sempre no Terreiro o dirigente costuma ter um Exu de trabalho que é um cara bacana, conversador, doutrinador, um Exu que é um cara legal que sabe chegar junto pra conversar, pra falar das coisas do dia-a-dia, que são envolventes, alguns Exus são profundamente envolventes.
E os Exus Mirins adoram esses Exus, eles chamam de tio, pedem a benção, Exu Mirim se oferece pra ajudar Exu, inclusive porque, pelo fato de que Exu Mirim não é um humano, no trabalho prático, Exu Mirim entra em lugares que Exu não pode entrar, Exu Mirim faz coisas que Exu não pode fazer, Exu Mirim vai, resolve e volta, fez e ninguém viu, ninguém percebeu que ele passou por ali porque ele não é humano, ele entra em realidades paralelas, ele entra e sai de lugares fechados, trancados, hermeticamente fechados, Exu Mirim está lá dentro.
Exu Mirim é um mistério dentro da religião de Umbanda que não é uma criança mas, ele é infantil porque vem de uma realidade anterior, é alguém em evolução, em crescimento mas, que nunca será humano porque ele está numa paralela a esquerda da nossa realidade, ele não vai entrar na nossa realidade, mas ele se espelha nos Exus, ele aceita ser doutrinado por Exu desde que ninguém o obrigue a fazer as coisas, Exu Mirim não pode ser pressionado, ele não pode ser obrigado, não se deve bater de frente com ele, não se deve brigar com ele. Exu Mirim é conquistado, Exu Mirim é doutrinado com amor porque é assim que se deve tratar alguém que é infantil – por mais que ele não seja uma criança, ele é infantil em relação a nós, ele é um ser infantil em relação ao ser natural, ao ser humano.
Ele deve ser tratado com amor, deve ser tratado com respeito, deve ser compreendido, deve ter um Exu pra chegar nele e conversar. Porque se não houver conversa, entra o mistério de Logunan, não contra o Orixá Exu Mirim, mas o mistério de Logunan pra trabalhar um desequilíbrio religioso que tenha ali na mediação entre aquele médium e aquele Exu Mirim que está em desequilíbrio criando, complicando as coisas dentro do Terreiro, então se pede a mãe Logunan que dê um jeito nisso.
E o fato é: o modelo do dirigente, o perfil, o arquétipo do dirigente modela a prática dos demais médiuns, dentro de um Terreiro o Exu Mirim do dirigente comanda os outros Exus Mirins que trabalham na casa. Se o dirigente espiritual, o sacerdote daquela casa incorpora um Exu Mirim totalmente sem doutrina, os outros têm um modelo a seguir, esse modelo é espelhado. O dirigente espiritual numa Gira de Esquerda, se é feito uma Gira para Exu Mirim ou o dirigente está com o seu Exu Mirim incorporado ou ele está com seu Exu incorporado e aí ele coloca a doutrina na casa e ponto final. Exu Mirim é de grande ajuda dentro de um trabalho espiritual, mas o Terreiro deve ter doutrina, deve ter disciplina, deve ter ética, deve ter moral, deve ter métodos de trabalho.
Existe Pombagira Mirim?
Existe, mas se sabe muito pouco sobre elas, possivelmente existe um Orixá Pombagira Mirim, mas é desconhecido, não há ainda informação suficiente.
Annapon
Junho/2015
(Texto baseado no Curso de Teologia de Umbanda Sagrada – Desenvolvido por Rubens Saraceni – Ministrado por Alexandre Cumino -)