Umbanda - Catimbó e Jurema - Ervas de poder – Seu Zé Pelintra -

05/02/2016 13:01
 


 
 
 
Umbanda - Catimbó e Jurema -  Ervas de poder – Seu Zé Pelintra -
 
 
A Umbanda o que é?
 
É preciso entender para não misturar e compreender, assimilar, só mesmo estudando e finalmente concluindo.
 
É certo que a Umbanda tem semelhanças com outros cultos e religiões, como por exemplo, com o Catimbó ou Linha de Mestres da Jurema que também é uma religião brasileira, assim como a Umbanda.
 
O Catimbó nasceu em Pernambuco.
 
Além do Catimbó, existem outras religiões brasileiras como é o caso do Daime.
 
O Catimbó foi influenciado pelas seguintes culturas:
 
Indígena – Européia – Afro -
 
Apesar das três influências, o Catimbó assumiu um perfil mais ligado ao Catolicismo, da cultura européia.
 
Ainda da cultura européia, herda a magia mesclando-a a cultura indígena do Toré que é uma cultura que adota um  ritual com música, dança e transe a partir da presença de uma erva chamada Jurema.
 
A erva da Jurema pode ser classificada em três categorias: branca, vermelha e preta. Delas os indígenas fazem uma infusão e, antes do ritual do Toré, eles consomem esse chá para depois começarem o ritual.
 
 Esse ritual é uma dança realizada com um instrumento chamado “maraca” ou chocalho.
 
A erva preparada para esse ritual, no caso, não é alucinógena, mas sim uma erva de poder, força, que concede energia a quem a consome.
 
O Toré,  é realizado, segundo informações, na tribo Kariri Xocó que está localizada no Vale do rio São Francisco.
 
Em alguns momentos, porém, diz um pajé da Tribo, a erva da Jurema é misturada a outra erva para que o transe possa ser induzido, favorecendo a alteração do estado de consciência do individuo.
 
 Reforça ainda a informação de que a Jurema é uma erva de poder e isolada não altera a consciência.
 
No ritual do Toré a dança e o transe induzido permitem o contato com a espiritualidade.
 
A maraca, ou chocalho, instrumento utilizado durante o ritual do Toré, é revestida de todo um simbolismo especial onde o eterno masculino é simbolizado pelo cabo do instrumento, o eterno feminino, pela cabaça e as sementes contidas em seu interior simbolizam as forças da natureza, as estrelas do céu, a presença das Divindades e dos espíritos.
 
Os desenhos exteriores representam o encontro de todas essas forças de dentro para fora e de fora para dentro.
 
O toque da maraca é considerado como movimentador de energias, de força e de poder.
 
Tocando maraca e fumando seu cachimbo de madeira da Jurema ou de Angico o índio realiza seu ritual.
 
O Angico, assim como a Jurema, é considerado sagrado pela tribo.
 
O fundamento maior do ritual do Toré é a Jurema e seu poder.
 
Esse ritual indígena encontrou, em Pernambuco, a cultura católica, a ela se uniu e surgiu o Catimbó do homem simples, rezador, médium e, nesse aspecto assemelhando-se com a Umbanda.
 
O Catimbozeiro, além de médium, rezador, pode ser ainda aquela pessoa que prepara garrafadas, benze, entra ou não em transe para realizar seu trabalho espiritual.
 
O ritual do Catimbó tem alguma semelhança com o de Umbanda. É organizado de forma tal que o altar é posto sobre uma mesa e nela são dispostos alguns elementos importantes para esse culto/rito.
 
Imagens como as de Jesus, Virgem Maria, dentre outros santos, são comuns.
 
 Na mesa podemos encontrar ainda o rolo de fumo de corda que simboliza o poder do fumo, de sua erva e copos ou taças que são chamados de príncipes e princesas que são considerados como firmezas das entidades.
 
 Em seu conteúdo há água e eventualmente pedras, nesse aspecto lembra o Otá de Umbanda.
 
Outros elementos como chave, simbolizando os mistérios, o terço, eventualmente velas e a bebida da Jurema, compõem a mesa do Catimbó.
 
Os médiuns são chamados de Catimbozeiros ou Mestres da Jurema.
 
Eles rezam Pai Nosso, Ave Maria e outras orações.
 
Evocam os espíritos da Jurema cantando pontos que chamam de “linhos”, lembrando os cânticos/pontos de Umbanda.
 
Para cada situação eles têm um linho que é entoado após a oração de abertura dos trabalhos, evocando assim, os espíritos que irão incorporar nos médiuns. O espírito que incorpora também é chamado de Mestre como o médium.
 
Esse procedimento é a chamada dos Mestres da Jurema, onde se canta a força da Jurema, sua energia.
 
 A Umbanda sofreu, fortemente, essa influência do Catimbó, herdou cânticos como: “ Vou abrir minha Jurema, vou abrir meu Juremar com a licença de mamãe Oxum e Nosso Pai Oxalá” e ainda: “ Vamos defumar filhos de Umbanda com as ervas da Jurema”.
 
As folhas da Jurema, na Umbanda, representam o universo vegetal e sua magia.
 
Pode-se dizer que aprendemos, com o Catimbó, sobre a importância das ervas como as da Jurema e do fumo que é largamente utilizado, magisticamente, na Umbanda, inclusive sobre as ervas utilizadas na defumação.
 
Na defumação as ervas são selecionadas com critério e tem, por objetivo, promover a limpeza energética do ambiente e das pessoas, para tanto, são consagradas, rezadas antes de serem utilizadas.
 
Na Jurema a defumação é feita com o próprio cachimbo, o Mestre juremeiro vira o cachimbo ao contrário sopra no fornilho e a fumaça vai saindo pelo  duto, sai ao contrário e assim ele defuma uma por uma as pessoas.
 
Nesse momento podemos perceber o poder de um cachimbo como elemento de limpeza, de purificação.
 
Por isso o Caboclo fuma, Preto Velho fuma, Exu fuma, Pomba gira fuma, porque o fumo é manipulado a fim de promover limpeza, assepsia.
 
No Catimbó a bebida de poder é a Jurema, na Umbanda são várias, porém, sempre são consagradas/imantadas.
 
Os médiuns do Catimbó, os Catimbozeiros, incorporam seus mestres que são: Caboclos, Pretos Velhos, Baianos, Boiadeiros ou Mestres que tiveram encarnação como catimbozeiros.
 
O mais famoso desses Mestres é José Pelintra de Aguiar, ou apenas Zé Pelintra.
 
Nascido em Pernambuco, viveu um tempo no Rio de Janeiro onde adquiriu o “status” de malandro. No final de sua vida, porém, voltou a sua terra natal.
 
Seu Zé Pelintra, portanto, é um Mestre da Jurema, por isso a importância de o Umbandista conhecer um pouco sobre o Catimbó, mesmo porque Seu Zé trabalha na Umbanda em todas as linhas. Uma vez chamado, ele vem trabalhar seja em qual linha for por se tratar de um Mestre Juremeiro.
 
Estudando a Jurema aprendemos sobre a importância do cachimbo, da bebida e entendemos que outras religiões utilizam a prática mediúnica em seus rituais, além de encontrarmos, no Catimbó, trabalhando, as mesmas entidades que se apresentam na Umbanda como os caboclos, por exemplo, além de Exus e Pombas Giras por influência da Umbanda sob o Catimbó, ou Jurema.
 
Existe uma troca entre a Umbanda e o Catimbó/Jurema, mas cada qual tem seus fundamentos e ritos distintos.
 
Apesar da troca, da influência exercida uma sobre a outra religião, cada uma tem seus fundamentos e ritos particulares e não devem ser confundidos.
 
Influência e sincretismo são comuns em todas as religiões, porém, cada uma tem sua base, seus fundamentos e praticas particulares que a diferenciam das outras, inclusive daquelas que as influenciaram com mais força.
 
Annapon
30/10/2014